Assim que os pais saem da consulta, há a peregrinação das compras. E agora, o que posso e o que não posso comprar?
Aqui está o passo a passo da leitura de rótulos. Atenção: o controle de traços é rígido para IgEs mediados. Para não IgEs mediados há necessidade de discutir com seu médico quais restrições deve fazer.
E quando esta parte chega, se dão conta que pode ser um pouco mais complexo do que imaginam.
A regra mais simples a seguir é: invista em descascar mais e abrir menos! Ou seja, quanto mais natural for o alimento, mais seguro ele será. Quanto mais industrializado, mais risco de contaminação ele terá.
Mas ninguém hoje em dia vive sem precisar comprar algo em mercado. Logo, você precisa saber reconhecer o nome do leite!
Uma pesquisa levantada pela Unidade de Alergia e Imunologia da USP mostrou que 39,5% de reações relatadas foram relacionadas a erros na leitura dos rótulos dos produtos. Então em 2014 começou o movimento põe no rótulo que conseguiu mostrar para a Anvisa esta necessidade e nos trouxe a um patamar muito melhor. Aqui neste post vai ficar a cartilha que vai te ajudar a decifrar o rótulo.
Atenção: saiba com seu médico que tipo de alergia seu filho tem (IgE ou não IgE mediada) e o que precisa ser retirado
Vamos à parte prática!
Leitura dos rótulos de alimentos
Quando você for comprar comida industrializada, lembre-se de ler tudo! Lembre de olhar alimentos que não sejam só leite, derivado de leite! Pode haver leite em lata de atum, lata de milho, fermento de bolo, extrato de tomate. Tudo deve ser lido!
Dicas práticas:
Primeiro passo: Nunca compre alimentos que não tenham rótulo! Exemplo:produtos a granel podem não ter rotulagem conhecida.
Segundo passo: Se está escrito contém leite de vaca na formulação, não pode ser usado! Mas também não pode ser usado alimentos que contenham leite de cabra, leite de búfala e leite de ovelha! Se a sua vizinha no passado tratou o filho (que ela diz que tinha a mesma coisa que o seu) com leite de cabra, ele com certeza não tinha alergia ao leite!
Terceiro passo: Não importa que você já compra o tal fermento de bolo há meses! A indústria pode trocar a formulação dele e não precisa avisar! Logo, produto conhecido deve ser lido todas as vezes que for comprar!
Quarto passo: Se no rótulo tiver a frase “alérgicos atenção: pode conter leite, derivado de leite, traços de leite”, este é um rótulo já atualizado. Mas se não houver a frase “alérgicos atenção” não quer dizer que não tem leite. Quer dizer que o rótulo não está atualizado e você necessita investigar nome por nome do leite (veja o panfleto do www.alergiaaoleitedevaca.com abaixo.
Quinto passo: se mesmo procurando os nomes do leite no rótulo está muito difícil, ligue para o 0800 do produto e diga que seu filho tem alergia à proteína do leite e que você precisa saber se o produto tem proteína do leite na formulação.
Aí vamos às dúvidas mais frequentes:
Quando o fabricante diz que não tem proteína do leite posso acreditar?
Depende! É um produto industrializado, de fábrica conhecida e já coloca “alérgicos atenção” e descreve o que tem de potencial alergênico, este é um rótulo confiável. Mas se a pessoa tá vendendo a granel, o produto é caseiro e não tem um rigor na rotulação, você pode correr o risco do a granel ter sido armazenado com produtos lácteos ou até o produtor estar confundindo alergia com intolerância. Na dúvida, não consuma.
Posso usar a lista da minha amiga que já teve um filho que passou por isso?
Muitos pais têm lista de produtos que julgam não ter proteína do leite. Mas lembre-se que o produtor pode trocar a formulação e não precisa avisá-lo. Então esta lista pode ser um norte para você, mas sempre tem que checar o produto antes de consumir.
E quanto a produtos de higiene?
Pacientes com APLV (geralmente as formas IgE mediadas) podem apresentar reações locais (urticária e eczema) ou reações sistêmicas (anafilaxia) ao contato com produtos de higiene com leite. As células dendríticas da pele tem poder de captar antígenos e jogá-los na circulação.
O leite do produto também pode entrar em contato com mucosas ao coçar os olhos, ao chupar o dedo, ou entrar em fissuras e escoriações na pele. Um estudo experimental concluiu que a sensibilização a alfalactoalbumina ocorreu através de exposição gástrica, cutânea, nasal e sublingual.
Logo,produtos de higiene podem conter leite. Infelizmente, a rotulagem de produtos de higiene é muito mais falha do que os de alimentos. Muitas vezes você vai ter que recorrer ao 0800.
E quanto a remédios?
Os remédios podem ter leite na formulação. A lactose é um dissacarídeo que tem como função estabilizar preparações farmacêuticas. Ela é extraída do leite através da coagulação e da filtração da espuma do leite. Muitas vezes nesta técnica não se consegue separar 100% a lactose das proteínas.
Ainda não se tem relato científico de qual a frequência de contaminação da lactose dos remédios com proteína de leite. Não se sabe se ela vai estar em todos os lotes ou só em alguns. Embora a indústria farmacêutica diga que a lactose vai ser usada mais em compostos pó, comprimido ou cápsula, não nos é possível relaxar com produtos em líquido.
Então a indicação é pensar que se o remédio disser “contém lactose, pode conter sim proteína do leite”
E mesmo que não tenha a lactose contaminada com a proteína, o remédio pode ter leite colocado de outra forma como no caso do corante de caramelo.
Então você deve lembrar que pode haver proteína em comida, produtos de higiene e remédios!
Toda a restrição deve ser combinada com seu médico.
Um abraço, Dra. Mirella
Fonte: Consenso Brasileiro de APLV ASBAI 2018
Allergic sensitization can be induced via multiple physiologic routes routes in an adjuvant dependent manner - Journal of Allergy and Clinical Imunology volume 128.
Cartilha-da-alergia-alimentar-Põe-no-rotulo
Cartilha muito linda, explicando como ler os rótulos!
Feita pelo movimento põe no rótulo.
de_olho_no_rotulo
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