Transtornos Alimentares

Transtornos alimentares são doenças potencialmente graves que comprometem o paciente clínica e psiquicamente, levando a desabilidades pessoais e sociais.

A gravidade se traduz em números: anorexia é o transtorno alimentar/psiquiátrico que mais mata no Brasil e no mundo!

Acometem pessoas no mundo todo, independente de raça, de sexo, de idade, de nível social e econômico.

Mas e a incidência dos transtornos tem aumentado?  

Sim! Dados da OMS mostram que de 2000 a 2006 havia uma prevalência de 3,5% na população mundial. Já de 2013 a 2018 esta prevalência subiu para 7,8%. Mas estima-se que possa ser muito mais, já que os estigma, mitos e preconceitos fazem muitas pessoas sofrerem em silêncio.

Mas o que mudou para justificar estes aumentos?

O ideal de magreza como sinônimo de beleza é um dos fatores culturais associados a esse aumento.

Este ideal está ligado ao fator sócio econômico: em épocas de escassez de comida, o corpo opulento era sinal de poder e prestígio financeiro. Em épocas de grande disponibilidade de comida, o corpo magro é sinal de sucesso e autodisciplina.

No Brasil, o padrão de beleza associado ao magro começou nos anos 60, se intensificou nos anos 80 e atingiu o auge no final do século XX e início do século XXI.

Aqui se inicia o preconceito com a obesidade e o culto ao corpo magro. A mídia tem intensificado esse padrão de beleza, trazendo mulheres magras como nível de sucesso a ser atingido.

Uma pesquisa realizada em 2001 por Puhl e Brownell mostrou que mulheres com sobrepeso têm mais dificuldade de conseguir emprego e bons salários do que mulheres magras.

A mídia repete constantemente o padrão do culto ao corpo, e a indústria de estética corporal é hoje um dos maiores mercados da sociedade de consumo (Carreteiro 2005). Com isso crescem o número de procedimentos estéticos, bem como sites que tratam o corpo como algo que pode ser modificado com dietas milagrosas de 30dias.

Alguns sites vão mais além, como os pró anorexia e pró bulimia. Um estudo americano desenvolvido em 1997 identificou que 70% das mulheres do estudo se achavam sobrepeso ou obesas quando eram na verdade eutróficas (peso dentro do adequado).

Este movimento mídia – indústria estética tem massificado as mulheres dentro de uma busca de um padrão de beleza quase impossível para a maioria. O estudo de Cury e colaboradores de 2005 identificou que 98% das mulheres do estudo não estavam felizes com o corpo que tinham.

O padrão de beleza centrado no magro não reflete a realidade da população brasileira e mundial.

Mas como essas mudanças podem influenciar o aparecimento dos transtornos alimentares? 

A linha que separa o se cuidar para ser saudável, do transtorno alimentar pode ser muito tênue.

Muitos ao esbarrarem na dificuldade de perder peso, começam a desenvolver práticas não saudáveis para atingir o objetivo desejado: dietas extremas, atividades físicas em excesso, uso de diuréticos, uso de laxantes, provocar vômitos.

E se este comportamento é compartilhado por um grupo, pela sociedade, os transtornos alimentares podem não ser facilmente identificados.

Mas como posso suspeitar que meu filho pode ter transtorno alimentar?

Dr. Carlos González Navajas especialista em transtornos alimentares em Madrid elaborou uma lista prática de fácil acesso para pais e cuidadores.

Atenção aos seguintes sinais e sintomas:

Perda de peso inexplicável

Ausência ou redução da menstruação nas adolescentes (por mais de 3 ciclos)

Preocupação excessiva com a perda de peso em pessoas que já são magras. Medo extremo de engordar

Maior sensação de frio em comparação com colegas

Mudanças nos hábitos de vestimentas (roupas muito largas)

Alteração de hábitos alimentares. Adoção de dietas muito restritivas

Distorção da imagem corporal (se veem gordos, mas não são)

Evitar comer em público

Consumo excessivo de água para gerar a sensação de saciedade

Prática de esporte de forma compulsiva

Personalidade perfeccionista

Baixa autoestima

Tristeza e sofrimento em jovens previamente felizes

Perda de amizades habituais

Mentiras sobre os sintomas

Busca em redes sociais por sites que estimulam transtornos alimentares

O que fazer se meu filho tem sintomas sugestivos de transtorno alimentar?

O primeiro passo é procurar ajuda médica especializada

Se manter aberto ao tratamento e ao entendimento de como se processa a doença é fator decisivo na melhora clínica do paciente.

Vídeo muito elucidativo! Vale muito a pena ver!

Compart. página