Menos Tela! Mais Saúde!

Menos Telas e Mais Saúde!

Este é o apelo da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP): Menos Telas! Mais Saúde!

O primeiro documento que a SBP produziu sobre a saúde das crianças e adolescentes na ERA DIGITAL data de 2016. Mas, o assunto tem “tomado corpo” e tem despertado preocupação em médicos e em familiares.

Então vamos lá!

1. Por que Menos Telas e Mais Saúde!? Quais dados nos deixa preocupados?

Uma pesquisa realizada em 2018 aqui no Brasil (a TIC KIDS ONLINE) estudou 2964 famílias com crianças e adolescentes entre 9 e 17 anos.

Deste total, 86% estão conectadas a redes sociais e costumam ter perfis próprios. O que eles fazem? Seguem youtubers, assistem séries, batem papo e compartilham conteúdo, participam de jogos online.

Pesquisando o que estas crianças e adolescentes acessavam, e o que pesquisavam, veio o susto😮: formas de se machucar (16%), formas de cometer suicídio (14%), uso de drogas (11%), conteúdo sexual (16%).

Além destes riscos, 25% relatavam não conseguir reduzir o tempo de permanência frente as telas, e demonstram comportamentos típicos de dependência digital

2. E como fica o cérebro nessa?

O cérebro começa o seu desenvolvimento no período intra útero, e segue durante toda a infância e adolescência. Ele necessita para se desenvolver ter boa nutrição, bons vínculos, estímulos dos órgãos do sentido (táteis, visuais, olfativos). Estes estímulos e vínculos não podem ser substituídos por telas e tecnologias.

E ele pode ser “atrapalhado” ? Sim! Exemplo: crianças pequenas expostas a telas de forma precoce podem ter atraso de desenvolvimento de fala. Também crianças que tem seu ciclo de sono-vigília atrapalhado pelas telas, podem não se desenvolver plenamente por alterações hormonais associadas a um mal sono.

E quanto a desenvolvimento das emoções, aqui também mora o perigo! As funções cognitivas e executivas do controle dos impulsos, julgamento, resolução de problemas entre outras,se desenvolve mediante estímulos de emoções. Mas se desenvolvem em áreas diferentes e em tempos diferentes! Por isso, na adolescência há um descompasso entre essas áreas. O adolescente fica com “os nervos à flor da pele” e tem mais dificuldade de controlar impulsos, se colocando em situações de maior risco. Se são usuários de telas, podem se expor a várias situações como:

😮 Jogos excessivos e até perigosos como foi o caso do jogo “roleta russa” (lembram que teve adolescente que caiu e fez trauma de crânio?)

😮 Para ter uma boa selfie com muitos likes, se colocam em lugares de risco

😮 Desabafos virtuais expondo sua individualidade.

Além disso, os sintomas de tristeza, tédio, stress precisam ser trabalhados durante o desenvolvimento. A criança e adolescente precisam entender o motivo do tédio, precisam saber como manejá-lo. Mas as telas e o mundo virtual muitas vezes se tornam fugas para estes sentimentos. Como consequência, temos um adolescente que pode passar para a idade adulta sem saber manejar seus sentimentos frente ao mundo real.

Quais problemas de saúde as mídias sociais trazem?

As mídias sociais têm preenchido vários vácuos temporais e existenciais: não ter o que fazer, necessidade de distração, abandono afetivo de pais que também passam “grudados” nos seus telefones.

As crianças deixadas livres para navegar no mundo virtual podem estar sendo expostas a riscos de aprendizado, riscos de distorção de valores, e apresentar os seguintes problemas:

- Dependência Digital (25% dos adolescentes do estudo TIC KIDS já se sentem dependentes)

- Irritabilidade, ansiedade,depressão, transtorno de déficit de atenção e hiperatividade

- Transtorno de sono, transtornos alimentares (sobrepeso, obesidade, anorexia, bulimia),de imagem corporal e autoestima

- Sedentarismo

- Bullying

- Riscos de sexualidade,estupro virtual, nudez, abuso sexual

- Comportamentos auto lesivos, riscos de suicídio,aumento da violência, abusos e fatalidades

- Problemas visuais, miopia, síndrome visual do computador

- Perda auditiva induzida por ruído

- Uso de drogas lícitas e ilícitas

O que fazer para proteger nossas crianças e adolescentes?

- Classificação Indicativa

Desde 2018 o Ministério da Justiça e Cidadania criou a Classificação Indicativa. Um filme, um programa de TV podem ser livres (pode ser exibido em qualquer horário), ou inadequados para menores de 10,12,14,16 e 18 quanto aos conteúdos drogas, sexo e violência. Isso ajuda os pais e cuidadores a decidir o que a criança pode assistir.

- Uso de filtros

Video-games, por exemplo,costumam ter filtros que podem ser selecionados por pais para proteger a integridade das crianças como: tempo de jogo, proibição de compras e chats entre outros.

- Recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria

Manter as crianças mais na realidade

Evitar exposição de menores de 2anos às telas, mesmo que de forma passiva.

Crianças entre 2 e 5 anos limitar o tempo de telas ao máximo de 1hora ao dia

Crianças dos 6 aos 10 anos limitar o tempo de telas ao máximo de 1-2hs ao dia

Adolescentes dos 11 aos 18 anos, limitar o tempo de telas a 2-3horas ao dia

Não deixar que a criança e adolescente “vire a noite” jogando

Não permitir que a criança e adolescente vivam isolados em seus quartos com TV, computador, celular

Para todas as idades, nada de telas durante as refeições

Para todas as idades, desconectar as telas 1 a 2hs antes de dormir

Estimular atividades de lazer e exercícios

Nunca postar fotos de crianças e adolescentes em redes sociais públicas

Crie regras para uso de equipamentos digitais

Encontros com desconhecidos online e off-line devem ser evitados. Saber com quem e onde seu filho está é responsabilidade legal de pais e cuidadores

Enfim, cabe a nós mantermos nossas crianças seguras e saudáveis!

Um abraço, Dra. Mirella 

FONTE: Manual Menos Tela Mais Saúde da SBP.

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