Qual importância da Vitamina D?
Vitamina no nome, pré hormônio na função! Antigamente se pensava só estar associado a metabolismo de cálcio e formação óssea. Mas com inúmeras pesquisas se tem visto que a vitamina D está envolvida no mecanismo de imunidade regulando a formação e a diferenciação de células de defesa. Estudos atuais estão tentando estabelecer a relação da vitamina D com doenças autoimunes como – diabetes melito, esclerose múltipla, doença inflamatória intestinal, lúpus, artrite reumatoide.
De onde vem a vitamina D?
A vitamina D tem 2 formas primordiais: D2 ou ergocalciferol e D3 ou colicalciferol. A D2 é presente em fungos e vegetais. A D3 está presente em animais e também é formada na pele humana a partir do 7deidrocolesterol submetido a raios ultravioletas. Somente 10% da vitamina D vem da dieta rica nos seguintes alimentos: gema de ovo, peixes como atum, salmão e sardinha, óleo de fígado de peixe. Todo o resto vem da exposição solar.
Qual o cenário atual da Vitamina D na pediatria?
Quase nenhuma criança consegue antes de 1ano através da dieta atingir os níveis diários de vitamina D. Se acreditava anteriormente que o Brasil por ser tropical, não teria deficiência à vitamina D por ser rico em exposição solar. Mas estudos no Estado de São Paulo mostra que a deficiência de vitamina D nos adolescentes pode variar de 59.7 a 70.9%. Isto tem ocorrido pelas mudanças nos hábitos dos brasileiros: a crescente moradia em apartamentos, o hábito da criança ficar em eletrônicos e não brincar ao ar livre, a violência faz com que as crianças não saiam muito de casa, a necessidade de entrar na creche precocemente, a necessidade de usar filtro solar de alto nível de proteção e a crescente obesidade infantil (as células de gordura “sequestram” a vitamina D.
Quais os níveis desejados de vitamina D?
Segundo o Internacional Osteoporoses Fundation (IOF) é desejável nível mínimo de 30ng por ml; é insuficiente de 20 a 30 e deficiente abaixo de 20.
Existe a necessidade de pedir o exame de dosagem de vitamina D para todas as crianças?
Não, somente para as crianças em risco
Existe criança com maior risco de vitamina D baixa?
Sim, são crianças em risco de hipovitaminose D: crianças amamentadas sem receber vitamina suplemento, pele escura, limitada exposição solar e foto proteção intensa, doenças com má absorção de gorduras, insuficiência renal e síndrome nefrótica, uso de ante convulsivante e isoniazida, crianças obesas.
Qual a postura em relação ao sol e ao filtro solar?
A exposição solar em horário de “pico” solar como 10 as 15hs sem proteção seria o modo fisiológico de se obter vitamina D. Mas a irradiação ultravioleta é responsável por alto nível de Câncer de pele. Um protetor solar FPS 15 já impede a produção de vitamina D em 99%. Portanto, a postura da Sociedade Brasileira de Pediatria é usar suplemento via oral de vitamina D na infância e nunca expor a criança sem proteção em sol do meio dia. Ainda se adota em relação às recomendações de exposição solar as diretrizes de 1985: exposição solar de 30min semanais (8min por dia 3x na semana) em crianças apenas com fraldas no primeiro ano de vida e 2hs semanais (17min por dia) em lactentes com exposição de face e mãos. Mas lembre-se, nunca em horário de alta exposição solar (10-15).
Quais sintomas da falta de vitamina D?
No metabolismo ósseo a falta de vitamina D pode levar muitos meses para dar sintomas. Os mais comumente relatados são: hipocalcemia, osteomalacea, hipofosfatemia, tetania e raquitismo. O raquitismo acomete mais crianças dos 3 a 18meses e se apresenta com crescimento inadequado, atraso motor, irritabilidade, palidez, sudorese, atraso de fechamento de fontanela, atraso e irregularidade em nascimento de dentes, deformidades em tórax entre outros.
Como prevenir a deficiência de vitamina D?
O Departamento de Nutrologia da Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda a suplementação profilática de 400 UI/dia a partir da primeira semana de vida até os 12 meses, e de 600 UI/dia dos 12 aos 24 meses, inclusive para as crianças em aleitamento materno exclusivo, independentemente da região do país. Para os recém-nascidos pré-termo, a suplementação oral de vitamina D (400 UI/dia) deve ser iniciada quando o peso for superior a 1500 g e houver tolerância plena à nutrição enteral (já se nutrindo sem dificuldades). Nos grupos de risco, recomenda-se a dose mínima diária de 600 U. Recomenda-se também que a formulação possa ser tanto de Vitamina D2 quanto D3. Se possível não usar poli vitamínicos na prevenção e no tratamento da vitamina D, pois dependendo da dose de vitamina D pode levar a excesso das outras.
Quando tratar?
Quando a dosagem de vitamina D for abaixo de 20, independente de já ter sintoma ou não, deve-se começar a tratar. Pode –se usar D2 ou D3, mas deve-se evitar poli vitamínicos para evitar o excesso de outras vitaminas como a vitamina A.
Se a criança tiver de 0 a 12 meses deve usar 2000U ao dia por 6semanas e depois usar a manutenção de 400 a 1000U ao dia
Se a criança tiver de 1 a 18meses deve usar 2000 U ao dia por 6 a 8semanas e depois usar manutenção de 600 a 1000 U ao dia.
Deve-se monitorar com exame de vitamina D a cada 3meses até que os valores sejam atingidos e mantidos.
Quem deve tratar a criança?
O tratamento pode ser conduzido pelo pediatra geral.
Fontes:
Documento Científico da SBP
Documentos Científicos da Internacional Osteoporoses Fundation (IOF)